O Motivo do Òdio

A dor de perder quem amamos só será suportável quando conseguirmos acreditar que ela terá um fim e não quando fingimos que ela não existe. Porque quando sentimos a falta de alguém, parece que o mundo inteiro está vazio de gente. A partir da perda de uma pessoa amada, devemos ter como objetivo superar o luto, o mais cedo possível. Luto e pesar não é a mesma experiência. Há diferenças fundamentais entre as duas experiências e devemos entender essa diferença para agirmos melhor.

Pesar: é um complexo de pensamentos e sentimentos sobre a perda, que são vivenciados internamente. Para si mesmo... Em outras palavras, é o significado interno dado à experiência do luto.
Luto: é o pesar tornado público, quando você se apodera desses sentimentos e pensamentos e os expressa e compartilha com os que o cercam.

Capitulo 26 


Após todos os parentes dos mortos terem terminado suas homenagens e demonstrado o seu pesar com as suas danças a música parou! Já era quase manhã, alguns se despediram recolheram-se ficaram Enrico Dedylson Magno Last e Hector. Os cinco tinham os olhos perdidos nas labaredas que estavam em seus derradeiros momentos, cada um com seu pensamento: logo teriam apenas o braseiro que seria disperso pelo vento matutino que estava chegando. Mas nenhum dos “amigos” arredava o pé de perto do fogo. Depois de um grande silêncio Dedylson lançou um olhar estranho para o Vampiro e pediu licença para ir embora, chamou seu filho. Magno falou que ele podia ir na frente que ficaria para ajudar na limpeza do acampamento. Dedylson se despediu montou seu cavalo e desapareceu na floresta. Last disse que seria melhor ele seguir Dedylson discretamente porque ainda era noite e o cigano adentraria a floresta negra ainda com escuridão. Magno pediu que Last ficasse mais um pouco pelo menos até que se prenunciasse o nascer do sol,  falou que talvez seu pai quisesse ficar a sós. Hector levantou-se e falou baixinho com Last que ele ficasse mais um pouco que ele iria seguir o cigano, a seguir pegou uma montaria no acampamento e seguiu Dedylson. Enrico pegou um violão e ficou tentando tirar algumas notas Magno riscando o chão sujo de cinzas com um galho, perguntou de cabeça baixa para Last pegando ele de surpresa por aquela pergunta inoportuna. 

- Last o que meu pai tem contra voce? Não é a primeira vez que eu o percebo olhando estranho para voce.

Last ficou em silêncio um bom tempo e Magno esperou. Enrico dedilhando as notas as avessas nem percebeu a tensão entre os dois. Last retirou alguns fios de cabelo que teimavam em dançar na frente dos olhos, puxou o sobretudo como se sentisse frio e falou:

- Saber sobre isso é importante pra voce “garoto”?

- É sim Last! Se voce puder me dizer, eu lhe fico grato.

Está bem, vou lhes contar o motivo. Não gosto de tocar nesse assunto doloroso, mas farei por voce: - Tudo começou depois que prometi ao avô de Ramon que iria livrar Larissa da tigresa que a cigana enfeitiçou por intermédio dele. Eu tentei entrar no Portal dos anjos e não consegui por ser um vampiro. Já tinha se passado seis meses que Larissa estava transformada em tigresa e eu não conseguia leva-la aos arcanjos. Eles estavam irredutíveis! De jeito nenhum eu conseguia passar pelo guardião cego. Então procurei uma amiga de nome Argi-el. Ela era um Nefilin filha de Anjo e Demônio. Argi-el era muito poderosa por ser um Nefilin e quem sabe, poderia me ajudar: Quando cheguei diante dela com a tigresa, Argi-el me perguntou se ela era importante para mim,? Bem, eu só a conhecia como tigresa e disse que não. Argi-el disse que poderia reverter o feitiço, mas que nunca, nunca mesmo depois do feitiço desfeito, Larissa e eu poderíamos nos ver. Se eu a visse sem que ela me visse tudo estaria bem, mas não poderíamos olhar nos olhos, ou o que ela iria fazer não teria mais efeito. Disse que isso era até onde o poder dela alcançava depois de ter escolhido ser demônio, quando o Criador deu a ela a escolha entre as duas raças. Eu aceitei, eu não conhecia mesmo Larissa como humana, e que motivos eu teria para vê-la novamente? Sendo assim Argi-el trabalhou na tigresa que eu levei até ela. Tive a impressão naquele momento que a tigresa não queria mais ser humana, éramos amigos! Talvez por isso ela não desejasse mais que o feitiço fosse quebrado. Bem, poderia ser também por medo de ter saudades do seu amor, o Ramon. Não sei o que queriam dizer os olhos tristes da tigresa... Mesmo assim eu coloquei os grilhões nela como Argi-el pediu em seguida deixei as duas a sós para que nossos olhos não se encontrassem. Durante uma semana eu fui todos os dias na floresta aonde a tigresa e eu nos encontrávamos, eu levava o alimento para que ela se alimentasse sem matar. 

Não termos nos encontrado no mesmo local que íamos a seis meses, me deu a certeza de que deu certo o que Argi-el havia feito. Nunca mais eu fui até aquele local. Principalmente porque se Larissa se lembrasse de mim e sentisse falta do seu amigo poderia ir até lá também, Passaram-se dois anos. Eu nem pensava mais no acontecido... Foi quando fui hipnotizado por uma música de um acampamento de ciganos onde havia um casamento, e a recém-casada desse acampamento era muito bela e gentil. Ela fez o café cigano diante de mim e disse que seu nome era Larissa. No mesmo instante eu senti algo estranho percorrer minhas entranhas. Mas pensei que poderia ser coincidência, afinal Larissa é um nome cigano e não havia acontecido nada com a jovem senhora. Fiquei no acampamento até pela manhã vendo os noivos dançarem. Se aquela fosse a tigresa e tivesse que acontecer algo, nada mais poderíamos fazer, não adiantaria fugir, pois já tínhamos nos olhado nos olhos quando ela veio a mim solícita me oferecer algo para me alimentar. Eu fiquei assustado e com muito medo de que aquela senhora fosse a Tigresa. Alguns dias depois para ter certeza de que tudo estava bem, eu fui até a floresta onde eu levava alimento para a tigresa. Fiquei esperando por um bom tempo e a tigresa não apareceu. Respirei aliviado e estava indo embora quando ouvi um gemido. Subi na árvore e vasculhei ao redor, porque se tivesse alguém ferido seria perigoso para ele. Afinal eu era um vampiro. Minha visão não encontrou nenhum ferido, desci da árvore e segui meu caminho quando esbarrei em um corpo no chão. O cheiro do sangue me provocava imensamente, me abaixei e toquei no corpo, estava quente, eu fiquei entre beber dele ou leva-lo até onde pudesse ter alguém para ajudar... Quando virei o corpo de barriga para cima, vi que era Larissa a senhora do acampamento cigano... 

Levei um grande susto! Como ela poderia estar ali sozinha na mata e ferida? Controlei meus instintos... Eu não queria devorá-la... Levei-a até o Rio para lavar e desinfetar as feridas, eu ainda não sabia onde estava o ferimento. Despi-a e descobri uma ferida imensa feita por uma faca de caça. Lavei a ferida, estanquei o sangue com ervas, em seguida improvisei mentalmente uma cama bem macia com folhas, acomodei-a, cobri-a com meu sobretudo e fiquei ao lado dela, esperando que ela acordasse e me contasse o que havia acontecido. Ela não tinha febre, estava dormindo serena continuei com ela, mas já estava quase raiando o dia eu precisa ser rápido. Depois do sacrifício em controlar meus instintos, eu não iria suportar o sol que faria naquele dia de verão. Com muito medo da claridade que já se anunciava, escondi Larissa bem entre as folhas e mutei para forma demoníaca para ser mais rápido e aguentar o sol. Fui até o acampamento na Floresta próxima a estrada onde os conheci, voltei a forma humana, me vesti e quando cheguei no acampamento já nascia os primeiros raios solares que me queimava a pele branca e sensível, mesmo assim usei a sensibilidade para descobrir qual era o trailer do marido dela e bati na porta, saiu um senhor que quase me cravou uma flecha no peito com seu arco, se eu não o tivesse paralisado. Mas não era o esposo dela. Todos estavam em alvoroço, e todos queriam me ferir ao ver minhas condições que certamente eram terríveis. Até que chegou uma senhora que me reconheceu, mesmo assim eu levantei a mão em missão de paz e ela me pediu desculpas, então eu perguntei pelo marido da Larissa, ela me disse que estava com uns amigos procurando por ela que tinha saído a cavalo para ir ao rio, e não tinha voltado até então. Nesse momento ele chegou. 

Fui ao encontro dele! O marido me segurou pelo colarinho com toda ira possível... Eu mantive a calma e disse a ele, que sua esposa estava ferida na floresta, que eu havia encontrado. Indiquei o lugar, mas ele me disse que eu iria até lá mostrar, e se algo ruim tivesse acontecido a ela me mataria. Eu pensei em jogá-lo longe e ir embora, já tinha feito minha boa ação e afinal eu era um vampiro. Mas o marido dela me olhou de maneira estranha e disse: 

- O que? Foi voce que salvou Larissa de ser um animal? Um felino? Como voce fez isso? Não é  possível voce é um vampiro!

Eu fiquei espantado de como aquele humano havia lido minha mente, depois pensei que não poderia ter lido minha mente, porque eu não sabia que se tratava da mesma pessoa. Ele realmente sabia de mim e Larissa... Mas como? Eu perguntei a ele usando hipnotismo:

- Quem é voce? Como voce sabe sobre a tigresa?

Ele sem ter como resistir me contou que ele podia ver a vida das pessoas quando esbarrava nelas, principalmente o presente iminente, e que sabia qual o próximo passo que cada um que ele tocasse daria. Mesmo que fosse os passos de um vampiro. Disse que sabia que sua Larissa seria um tigre novamente na próxima lua azul. (lua azul é quando acontecem duas luas cheias no mesmo mês). Impressionado... Eu o tirei do transe, pedi desculpas e desapareci entre as árvores, urrando de dor. Mesmo assim eu continuei entre as sombras das árvores olhando o que aconteceria. O marido de Larissa junto com outros ciganos chegaram ao local que eu indiquei e a encontrou ainda adormecida entre as folhas. O esposo dela chegou perto e a acordou; Larissa abriu os olhos e viu seu marido ali diante dela, levantou rápido para abraçá-lo, mas cambaleou e encostou-se numa árvore. O olhar dos ciganos sobre ela a faz olhar-se... E perceber que estava nua... Tentou pegar o meu sobretudo para cobrir-se... Mas estava ainda com dificuldade de se abaixar, ainda estava tonta. Um dos ciganos apanhou o sobretudo no chão, entregou a ela e chamou todos os outros para se afastar deixar o casal sozinho. O Marido queria saber o que aconteceu: Larissa começou a contar que havia sido vitima de assaltantes, que lhes roubaram as joias inclusive sua aliança de casamento, que ela não queria dar e foi ferida por isso. O marido perguntou quem a ajudou? Larissa não se recordava. Nem sabia o que tinha acontecido. O marido disse que alguém tinha ido até o acampamento dizendo que a encontrou ferida, mas como ela estava curada daquela forma? Ela não sabia responder. Olhava triste para ele que ao invés de ficar feliz por encontra-la estava brigando com ela. Abaixou a cabeça enrolando-se no Casaco... Quando passou o casaco pelos ombros sentiu meu perfume e pronunciou com ternura: 

- Last...

O Marido ouviu e a sacudiu pelos ombros dizendo!

- Larissa! Esse Last é um vampiro!

Ela meio tonta ainda falou baixinho:

- Ham... Ele é vampiro? Há sim... Acho que sim! Mas não foi ele que me achou? Então! Não é de todo mau...

O marido achou melhor parar com aquele assunto. Ele não conseguia saber o que tinha acontecido ali, nem porque sua esposa estava nua e com meu casaco, então, achou melhor agradecer aos Deuses por ela está viva! Enquanto ajudava Larissa a vestir o Sobretudo. Ele chamou os ciganos, fez uma padiola uma padiola e a levaram para o acampamento. No acampamento o Kaku percebeu que Larissa foi curada por magia e não era dos elfos. Intrigado perguntou a Larissa se sabia quem foi que a curou tão bem? O sono que já tomava conta dela a fez sorrir e dizer baixinho; 

 - Foi Last... 

O Kaku balançou a cabeça e a deixou dormir. Ele achou que a cigana estava falando sobre quem a encontrou na floresta e foi avisar a eles...

Uma semana depois saí para alimentar-me de energia na floresta, e ao sobrevoar o local onde levava o alimento para Tigresa... Lá estava ela deitada como se estivesse esperando seu alimento... Eu nem tinha percebido que era noite de "Lua Azul". Claro que eu tratei de providenciar o alimento para ela, e fiz isso todos os dias. Enquanto eu não encontrava a cura eu ficava todos os dias com a tigresa, temia que ela caçasse e gostasse disso. O marido com o poder dele sabia onde estaríamos e Ficava olhando de longe sem dizer nada enquanto a tigresa brincava comigo como uma gatinha... Mas eu farejava no ar o seu cheiro de ódio por mim. Até quando consegui permissão para ir até diante do Querubim que a curou de uma vez por todas, mas fazendo a pilantragem de deixar seu filho que estava no ventre, ainda sobre efeito do feitiço. Quando eu consegui que o querubim quebrasse o feitiço levei-a até seu acampamento e contei ao marido sobre sua esposa estar grávida e sobre eu não ter conseguido salvar o filho deles de ser um tigre. Ele nunca me perdoou por isso. Para todos os efeitos eu fui o culpado por Larissa ser um animal. Como ele não podia ver o que já havia se passado 
a muito tempo atrás, eu omiti o fato de sua esposa ter devorado seu namorado quando se transformou em um felino selvagem pela primeira vez... Para aumentar o ódio dele:  foi eu quem tive voce ao meu lado nos seus primeiros tempos de vida. E depois também quando voce era um menino tive voce e te vi se formar homem durante a ausência dele. Mas eu entendo. Eu teria o mesmo ódio se fosse o contrário... 
....

Last parou de falar ao ver que Magno estava sem ar. Ele não conseguia respirar, porque estava muito triste e emocionado com aquela história, mas ele não chora nunca... A lágrima o estava sufocando... Como providência divina, eles ouviram um grande estrondo e um imenso clarão na floresta... Magno transformou-se no Sunahara e partiu para lá seguido por Last. Enrico dormia de boca aberta com o violão sobre o peito... Sem saber do que estava acontecendo em volta....


Shubb Raatri  queridos ouvintes desculpa-me a demora. Tenho tido muitas lidas, como diz o Last: Afinal eu sou um Druida!



Ruby Chubb


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