O Arcanjo Não Disse Tudo?


Enrico cresceu amando Mah!

Mas ele sabia desde criança que a Ciganinha estava predestinada a um Príncipe cigano, só não sabiam a qual. Com o passar do tempo acharam até que essa história havia acabado, pois estavam em novos tempos. Mas foi só um “achado” da Princesinha e seu melhor amigo apaixonado.

Um dia chegou diante dela o tão mencionado Príncipe. O Cigano amado por todos. Magno Matias o Príncipe do “Povo Tigre dourado”. Ficaram noivos... 

O Cigano nunca amou a Ciganinha Mah e se culpava por isso. 
A pressão dos grupos era grande para que os dois se casassem. 
Viviam falando disso e Magno mudava de assunto. Pois outros assuntos sobre muitas outras coisas era o que não lhe faltava. 
O Príncipe cigano que presava sua liberdade fugia o quanto podia daquele assunto. 
Por sua vez: Mah buscava estar sempre a vista dele. 

Mah era uma ciganinha de altura mediana, cabelos claríssimos e olhos profundamente dourados como o mais puro mel. Bonita e misteriosa. 
Depois que sua mãe a deixou ela foi criada por um pai severo e sua tia, irmã de sua mãe que nunca se casou... Zoraia sempre tratou a ciganinha bem, apesar de ser rígida com as outras crianças.

Zoraia tinha um forte amor pela irmã e sofria de sentimento de culpa por não ter estado com ela em seus últimos dias... De modo que no fundo, sentia-se responsável por Mah ser órfã. 
 Talvez por isso ela fosse a única criança que a tia aceitava perto de si ao longo dos anos. 
Zoraia era versada em quiromancia e rituais. Ensinou muitos deles a Mah.
Como as consultas ao oráculo e o conhecimento de ervas e pedras.


Capitulo 7
***

A noite caiu escura em Laht por algum motivo não houve lua. O que deixou os ciganos muito apreensivos. Seu Príncipe ainda não havia retornado. 
Dedylson estava desesperado e arrependido de não poder mais ver o futuro e assim saber onde estaria seu filho. Foi até o lado de fora do acampamento e com todas as suas forças gritou:

- SUNAHARA!!!!!!! Venha a mim de onde estiver sei que podes me ouvir.

Dedylson esperou, esperou e nenhum som se fez nas folhas e galhos com os passos do tigre que tem um peso bem grande. Foi até o trailer de Magno e tentou contactar sua Larissa como seu filho fazia... Mas não conseguiu.

Mah que assistia tudo de longe, ao ver o sofrimento do Cigano ela se transportou outra vez para mansão Vladesk’s. Chegando lá o mordomo a levou até uma grande sala onde Last olhava uma espada na parede. Parecia fazer uma oração diante da bela espada. Mah não disse nada, ficou em silêncio esperando e pensando:


- “Por que será que ele olha tanto para essa espada”?.


Como se tivesse ouvido o pensamento dela o Vampiro falou com seu jeito calmo enquanto Hector esperava taciturno por uma ordem de seu mestre:

- Essa é "Zulfiqar" ela não é uma simples espada! É uma cimitarra!

- Hector traga um vinho para a Dama!

- Essa bela peça querida Cigana se refere a uma espada oriental com a lâmina curvada. Foi usada por Ali na “batalha de Trench”. Que foi um famoso cerco de atentado contra a cidade de Medina. O Povo que teve suas vidas findadas pelos silvos conflitantes da cimitarra com duas lâminas paralelas mencionaram que Ali se destacava pelas suas habilidades místicas e a sua velocidade. Essa é a mais tradicional forma de cimitarra. Esta arma sobreviveu até hoje passando por mãos de colecionadores e foi presenteada a mim pelo meu amigo. O Cigano Magno. Agora com muito orgulho ela faz parte da minha coleção chamada Al-Jafr.


Hector trouxe o vinho em uma taça de prata revestida de madeira do jeito que os ciganos gostam. Mah segurou a taça na mão direita colocou a esquerda embaixo da taça e girou levemente, cheirou, provou do vinho de excelente safra em seguida perguntou

- O que é Al-Jafr senhor Last?

- Querida cigana! Foi uma caixa feita de peles onde eram mantidos os livros dos profetas. Esse “talavar ke dvar” (porta espadas) é feito de peles também, por esse motivo eu dei a ele o nome Al- Jafr.

A que devo a honra da sua bela visita Cigana?


- Perdoe-me a ousadia senhor! Mas soube que esteve com Magno enquanto a festa no acampamento e no dia seguinte ele sumiu. O senhor sabe onde ele possa estar.

- Quem lhe afirmou que estive com ele Cigana?

- A menina Spencer! Ela está muito preocupada com o belo amigo de Magno que estava muito doente na noite da festa e disse que Magno poderia estar cuidando dele. Deduzi que fosse do senhor que ela se referia .

- Me acha belo Cigana?

- Claro senhor! Não existe quem não ache!

- O que voce pensa ter acontecido com Magno?

- Não consigo pensar coisa alguma senhor Last. A princípio pensei que ele estivesse mal e que o senhor o tratava lá na sua “biblioteca”, mas Hector me garantiu que não, então vim saber se o senhor tem alguma ideia.

- Não tenho querida! Ele não está onde minha mente o alcançaria. Isso quer dizer que o Cigano está bem longe de Belorian. E sobre o divã: ele não é mais um Vampiro nem um Elfo. Um humano não suportaria meu divã.


- Não penso assim senhor Last! Eu ouvi o Arcanjo dizer que Magno seria apenas humano. Ele não estava sendo totalmente verdadeiro... Ou como posso dizer? Não disse tudo. Um anjo não mente, mas um humano não pode ser um tigre.

- Gostaria que voce estivesse certa Cigana! Assim eu poderia encontra-lo onde ele estivesse, poderia ver tudo que ele visse e até sentir o que ele sentisse. Mas por enquanto nada. Vou leva-la para casa, pois a noite em Laht é perigosa e vou até Uhat ter com meu amigo Elessar juntos descobriremos alguma coisa.
- Não precisa Estou com meu “bastão”

- Já sabe andar por ai com ele sem perigo criança?

- Sim senhor Obrigada!

Após agradecer Mah disse as palavras e desapareceu.

Enquanto isso aquela pobre criança estava quase desmaiando de cansaço e sede. 
 O velho dormia em uma macia cama de folhas feita por ele um pouco distante do menino. 
Não conseguindo mais ficar de pé ele desmoronou sobre as pernas, sem ter como espantar os insetos que o devoravam. 
Ele não entendia o que fez para merecer aquele castigo, não se lembrava de nada que pudesse justificar... E aquele velho não lhe dirigiu a palavra em momento algum o deixando mais certo ainda de que estivesse vivendo um pesadelo. 

O menino começou a orar, mas as palavras não se harmonizavam em sua mente cansada, a boca estava seca, os lábios queimados. Mas ele lembra que as coisas nem sempre foram assim... 
Já foram até muito, muito pior sem contar a sede. Não sabia onde nem quando Mas a lembrança de estar em situações horríveis tomava sua mente...

. O Menino estava sentado sobre os joelhos com os pés afastados e aquela posição começava a deixar dores. Mas ele não tinha apoio para se levantar... A posição começou a ficar tão incomoda que ele resolveu fazer algo: Esforçou-se o máximo puxando as correntes fazendo um apoio e conseguiu se por de pé novamente aliviando a dor nos joelhos. Mas suas pernas doíam horrores.

Enfim a lua apareceu afastando aquela escuridão que só não era pior que o ronco do velho. 
 A atmosfera estava abafada e úmida... E aquela umidade prometia chuva e o brusco sopro de vento que balançou os cabelos dele também. Ao norte juntavam-se nuvens. O menino sorriu.

Aquele velho não podia mandar na Natureza que estava prestes a ajuda-lo com aquela sede desesperadora! E depois de passar um dia inteiro no Sol escaldante nada melhor que a chuva divina.. Além da sede que passaria ele poderia lavar seu corpo das necessidades fisiológicas que foram impossíveis de segurar tanto tento tempo.

O que aquele velho estava fazendo? Porque esse castigo com uma criança? Nesse lugar não havia mais ninguém além deles?

Perguntas que não tinham respostas.
O Menino desabou novamente de joelhos quando caiu a “tromba d´água”, Choveu por três horas e meia, sem trégua. Só diminuiu para chuvisco, mas não parou. À noite voltou mais intensa.
e novamente escura! A Lua só veio espiar a maldade daquele velho que aos primeiros pingos da chuva entrou naquela espécie de caverna deixando o menino ao seu destino... 
 A exausta criança adormeceu quando a chuva diminuiu, além de cansado a fome estava desesperadora e minavam as forças dele... 
O velho nem apareceu mais depois que a chuva desabou sobre aquele lugar ermo.

Finalmente a chuva passou totalmente, ficou bastante frio devido as roupas molhadas, mas o menino continuou dormindo. Talvez estivesse até mesmo sem sentidos. 
Os primeiros raios da manhã o encontrou sentado sobre os joelhos, de cabeça baixa, sendo amparado sobre as correntes dos pulsos que estavam esticadas mantendo o corpo dele naquela posição...
Ao sentir o amanhecer ele abriu lentamente os olhos continuando de cabeça baixa. 
Ele pensava que teria de suportar mais um dia de sol escaldante sorte que tomou quanta água conseguiu enquanto chovia. 
Por algumas vezes ficando até asfixiado com a água no rosto e sem respirar. 

Ele era um menino forte! Corajoso! Em nenhum momento chorou.

Ao seu lado esquerdo onde se erguia o espinhaço basáltico que formava muralha vertical, havia uma arvore espinhosa que cresceu entre a rachadura da muralha afastando as partes da mesma.
 Pela rachadura o menino podia vislumbrar uma linha luminosa, como se tivessem pincelado um horizonte donde ele veria o Sol nascer a  qualquer  momento. 

Ele viu aparecer entre os espinhos duas mãos masculinas abrindo caminho... 
O menino abaixou novamente a cabeça pensando que seria o velho... 
O homem que afastou os espinhos entrou naquela espécie de arena à seguir soltou os galhos espinhentos muito rápido se ferindo e soltou um ronco inarticulado fazendo o menino tremer... 
Ele levantou os olhos só um pouquinho e viu um homem que não era o velho chupar o sangue do dedo ferido e um cavalo recuando batendo as patas. 
 Os cascos sem ferraduras firmaram-se nas pedras redondas e resvaladiças que cobriam o solo quase seco. O Menino começou a temer dessa vez... 
Estava diante dele algo inusitado... 
Um cavalo que no lugar da cabeça tinha um homem... Não estava montado o homem fazia parte do cavalo.... Ele se manteve em silêncio! De repente ouviu a voz dizendo:

= Hey garoto! Voce precisa acordar!

Ele levantou o rosto e disse sem medo! E olhando aquela criatura nos olhos:

- Eu não estou dormindo! O que voce quer?

= Quero te liberta, mas voce precisará me ajudar.

- Me libertar? Voce temas chaves?

= Não! Mas com sua ajuda posso fazer isso! Posso induzir sua mente se voce tiver fé. Voce precisa ficar de pé e desejar quebrar os grilhões! Temos que fazer isso antes do Sol nascer, caso contrário o bruxo irá pegar nós dois tentando e não sei o que ele poderá fazer conosco.

- Bruxo? Ele é um Bruxo? O que ele quer comigo? Sou só um garoto.

= Não tenho tempo para explicações. Eu era seu aprendiz. Quando ele começou a usar magia negra eu não quis mais ajuda-lo então ele me condenou a essa forma. Vai! Levante-se temos pouco tempo!

O menino tentou, mas não conseguiu... Suas pernas estavam dormentes pela posição... A criatura tentou não fazer barulho com os cascos nas pedras e chegou mais perto para incentivar.

= Garoto eu não posso entrar na área da magia! Voce precisa conseguir. Pense que não existem correntes! Suas mãos estão livres. Ponha as mãos no chão e se levante! Vamos! Rápido.

O Menino tentou várias vezes até que conseguiu ficar de pé se assustando quando viu que suas mãos ainda estavam presas nas correntes. 
Chegou o momento da fé. Aquela criança estava cansada, Não queria mais lutar! 
Ainda mais com correntes tão grossas. Mas a criatura não desistiu dele. 
De repente o horizonte avermelhou... A criatura disse:

= Vamos garoto é a nossa última chance!

O menino ouviu a tosse do velho e usou toda sua força para se livrar das correntes, ajudado pela criatura... E finalmente as mãos ficaram livres! Mais alguns minutos e os pés ficaram livres. 
A criatura deu a mão a ele e disse:

= Monte! Vamos passar pelos espinhos... Cubra o rosto se encostando a minhas costas.

- Não Senhor! Voce é um homem, não é um cavalo!

= Eu sou os dois garoto! Sou um Centauro!




Falando isso a criatura puxou-o com força e jogou-o em seu dorso em seguida atravessou o espinheiro e continuou seu galope para bem longe da muralha. 
O menino sangrava em seus braços e pernas agarrado ao corpo do centauro quando adentraram a floresta .... Ele sentia saudade da sua mãe e não conseguia se lembrar do rosto dela, apenas da voz.
A luz da tarde diminuía rapidamente, tingindo o céu de tons laranja e fazendo as nuvens cada vez mais escuras num cinza-azulado.

Subitamente, o Centauro pisou numa pedra que se soltou e ele caiu. O menino capotou por cima dele, batendo violentamente contra uma árvore. Com a força da pancada... Girou de lado, e desceu o terreno íngreme rolando.
Ele tentava inutilmente se agarrar os galhos que apareciam diante de seus olhos, os troncos as raízes salientes das árvores... Nada dava certo e o menino ganhava cada vez mais velocidade.

A cabeça dele batia em tudo que tinha pelo caminho, o corpo dele continuava na sua descida vertiginosa rolando em direção a uma pedra. Que se aproximava sem ter o que fazer... Não tinha como desviar... Ele só rolava...
Ao ver a pedra tão próximo, percebeu que era morte certa.

No desespero ele se agarrou a uma raiz... Mas a velocidade em que descia o fez soltar... 
Em compensação desviou da pedra... 
Apenas para descobrir que estava na pior situação de sua vida... 
Uma imensidão surgiu diante dele. Era um abismo... Instintivamente o menino fez todo o esforço possível para se agarrar em algo. Agarrou-se finalmente em uma raiz que se arrebentou com o tranco, servindo apenas para reduzir a força de sua queda... 
Ele arrastava as mãos peloo solo com toda força que tinha em busca de alguma coisa que pudesse se agarrar.

Pensando que escapou de morrer de fome e sede para morrer de uma queda do abismo... 
Pelo menos a morte seria rápida...

Por fim conseguiu se agarrar... Exatamente na beira do abismo.

Com horror ele olhou para baixo e viu que estava pendurado a muitos metros de altura. Lá embaixo só o vazio de um desfiladeiro feito com rochas pontiagudas.

O menino sabia que iria morrer... Ele estava muito fraco para aguentar se segurar... Seu último pensamento foi em sua mãe... Que ele não lembrava do rosto....

Até mais ver queridos ouvintes!  Shubb Raatri!














Ruby Chubb

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