Caverna Mística


 Capitulo 18
***
O Cigano saiu do "vórtice temporal" dentro de uma caverna de cores mágicas. O reflexo das estalactites brancas nas águas azuis criavam uma atmosfera única nas paredes de calcita, simulando cataratas com a água congelada. Magno “aterrissou” sobre um passadiço de madeira que permitia a ele vislumbrar as formações rochosas no fundo de um lago calmo e cristalino, que existia no solo da caverna. (Sim, não era um rio de águas correntes. Era um lago totalmente vivo)! Que existia em uma caverna misteriosa que possuía um grande poder. O ar era puríssimo. Sem poeira, vírus ou bactérias. Também era frio, muito úmido e com alta concentração de cálcio e magnésio. Magno fechou os olhos e respirou fundo sentindo a maravilha que era respirar aquele ar. 

Depois de alguns minutos aproveitando aquela visão perfeita, ele atravessou o passadiço e saiu da caverna chegando a uma floresta onde as árvores continham manchas vermelhas... Magno tocou nas manchas com o coração exuberante de alegria... Eram “Likens”! A simbiose de uma espécie de fungo com uma espécie de bactéria, que só se desenvolvem, aonde a poluição do ar, for de grau zero. Assim que saiu da caverna e começou a andar por um caminho de flores miúdas impressionantemente coloridas e perfumadas,  o Cigano encontrou várias criaturas que pareciam elfos, mas eram menores que ele. Uma delas se aproximou e colocou o joelho no chão como reverenciando a um Deus. Imediatamente Magno pegou na mão dela e a levantou do chão tentando entender aquele idioma e disse tentando se fazer entender: 
- Não se curve para mim! Por favor, levante-se!

Um pouco depois ele conseguiu entender o que a criatura dizia. 


*- Voce é uma divindade! Voce saiu da caverna mística na qual ninguém se atreve a entrar a não ser que a caverna chame com o ressoar de um assovio harmônico onde duas notas são emitidas em perfeita harmonia musical! 


- Não entendi! Duas notas e um assovio? Como isso é possível?


*- Sim! É como se fosse um dueto, onde o segundo assovio emite uma das outras duas notas do acorde não utilizada pelo assovio principal. Uma coisa que já havia muito tempo que não acontecia.


- Incrível mesmo! Mas me perdoe te desiludir! Não sou uma Divindade! Sou humano. Um cigano que está passando por um processo mágico desconhecido a mim, eu fui enviado pelo portal pelo grande Elendil Elessar o Rei elfo de uma terra de nome Uhat.  Meu nome é Magno!

As criaturas convidaram Magno para descansar em suas casas, que estranhamente para o Cigano pareciam conhecidas. O que pareceu o líder levou–o ao seu palácio, passaram por um belo jardim. Era noite de Verão, e os jasmins em flor desprendiam uma fragrância tão doce que deixava encantadas e mais lindas as elfinha ou fadas, Magno não conseguiu identificar. 
Todas eram iluminadas pelas suaves Luas cheias, quando saíam de suas casas com a intenção de nadar nas águas do lago. Ao ver que falavam da "Caverna mística" Uma bela "Fada" se aproximou das amigas e perguntou  desejosa de ter semelhante experiência. 
Lyla



- Por acaso soaram hoje o assovio?


– Assovios a soar? – Não Lyla! Isso da caverna não passa de uma lenda que os velhos contam para nos entreter.. 

Nada disso! A minha mãe, antes de casar, foi chamada a entrar e entrou – disse Lyla 

– Verdade Lyla? Conta! Conta! O que passou lá dentro com sua mãe? 


– A caverna falou-lhe que a escolheu, pois do amor que ela nutria pelo meu pai faria nascer uma "Teyvam" valente.


- Uau! A caverna adivinhou o futuro? 


– Algo assim parecido. 



Falou Lyla orgulhosa, mas a amiga retrucou: 

– Valente? Tu? Troçaram muito de ti Lyla! Pois se te assustas até com animalzinho roedor! 


– Pode ser! Mas eu não tenho medo de saber quem sou. 


– Ai sim? E quem és tu? Uma princesa de terras distantes? 


– Não sou uma princesa Hany. Sou Lyla, filha de Taza e de Netor, e isso basta. 


– Então tá Lyla! Pois um lindo futuro te espera! Toda sua vida a moer farinha e a amassar o pão. 

Dá até pena, estamos diante da Lyla que foi anunciada pela caverna mística, filha de um pobre moleiro – comentou a "fada"  mais rica da aldeia. 

- O importante nesta vida não é quanto eu tenho o que importa é o quanto valho. 

Tolices! Sabes que não encontrarás casamento, pois não tens dote algum a oferecer, há não serem suas mãos cheias de trigo! - continuou a riquinha

Tenho também o meu engenho...

Lyla respondeu à riquinha com um fio de voz, muito envergonhada porque o Cigano havia se aproximado delas ao ouvir aquele assunto que parecia mais uma discriminação, baseando-se em raciocínio sem conhecimento adequado sobre a pessoa em questão, coisa que o Cigano achava injusta e infundada e se achegou às "fadas" dizendo:

– Minhas queridas e belas meninas! Aos maridos não interessa o engenho das mulheres. Interessa apenas que elas sejam inteligentes, amigas, que saibam conversar. Para uns e bom até que sejam bonitas e lhes deem filhos saudáveis. A fortuna o casal pode adquirir juntos se tiverem discernimento além do amor que os unirá.. 

Lyla sorriu para Magno por sentir verdade nas palavras dele, mas Hany não queria ficar para trás e continuou orgulhosa: 

– O meu namorado será diferente!. 

– Por quê? Quem será ele? O príncipe do país dos sonhos? 

Retrucou Magno já aborrecido com aquelas “Fadas” esnobes: 

 Hany olhou para ele querendo responder a altura! Mas ele era um convidado de honra e ela seria castigada se o fizesse. Mas a riquinha respondeu: 

A resposta à adivinha é a sombra; 

- Se for verdade essa sua ousadia Elya! Eu tenho uma sombra que me protege. Ela me levará até ele. 

Respondeu Lyla para ajudar o cigano que a defendeu e ele por sua vez concordou dizendo: 

– Claro que sim, seja perseverante! 

- Continua a viver no teu mundo de sonhos e acabarás solteira. 

Disse a riquinha para ter a última palavra Lyla chorosa, afastou-se delas sob o olhar atento das Luas e de Magno.  Então aconteceu o inesperado “tão esperado”!

O assovio soou com tanta força que Lyla, enfeitiçada pela harmonia adentrou à caverna, enquanto as amigas, amedrontadas, se esconderam por detrás de uns arbustos. 
 O Cigano acompanhou a “fada” Já que para ele a passagem era livre. A caverna com voz profunda e harmoniosa sussurrou para Lyla. 

- O que achas da minha morada?

As paredes da gruta estavam enfeitadas por milhares de pedras preciosas: rubis, safiras, esmeraldas… O brilho era ofuscante ao olhar primeiro da fada! Lyla respondeu extasiada, olhando em seu redor.

É… linda

– Arranques uma pedra de mim! A mais bonita e mais preciosa que quiseres. Será um bom dote para o teu casamento. - Disse a voz que sussurrava 


– Não quero uma pedra de seu corpo maravilhoso. Eu... Magoar-te-ia. Por isso não quero arrancar nenhuma. Eu quero que o homem que decidir casar comigo não o faça por bens materiais. 



– Dissestes bem pequenina sábia. - respondeu garbosa a voz.


- Quem és tu? Porque não te mostras a mim? – Perguntou Lyla inquieta. 

Te darei uma charada se adivinhares poderá escolher se me seguirás ou irás embora.

- Eu não sou boa em charadas, não será certo fazer algo assim com minha pessoa. 

- Voce ouviu meu chamado, então estás apta a satisfazer meus desejos! “Eu posso ir e também posso vir! Vou e venho, venho e vou, entretanto, não saio do lugar em que sempre estou”Essa é a charada!

A “fada” abaixou a cabeça querendo chorar... Ela sabia que não iria acertar e por conseguinte não poderia escolher, e estava com medo de a voz dizer que ela deveria ficar... Imediatamente Magno sussurrou para ela a resposta. Sem pensar se ele estaria certo ou não ela respondeu. 


- Tu és um caminho! 



– Exato pequenina! O caminho que te conduzirá ao amor que procuras. Porém, para isso, terás de ter coragem e habitar em mim durante sete longos anos. 


Voce disse que eu poderia escolher! Se eu ficar os meus pais ficarão preocupados… 

O forasteiro se encarregará de dizer aos teus pais onde estás. Eles compreenderão, porque sabem do meu misticismo.. 

Ao ouvir a voz dizer aquelas palavras que prenderiam a pequena “Fada” tanto tempo longe de quem ama, com uma promessa que talvez não fosse verdadeira. Porque aquilo estava parecendo mais uma troca. Magno foi contra e disse senhor de si. 

- Estás equivocada! Seja voce quem for! Para ter um amor ninguém precisa de ajuda. O amor simplesmente acontece, não existe magia capaz de abrir um coração para o amor. O que a magia pode fazer é induzir às pessoas de que estão apaixonadas. Lyla não ficará! 


- Quem é voce para me dar ordens? 


- Sou Magno Matias! Eu entrei na caverna sem ser chamado. Vim por amor! De livre e espontânea vontade. E voce quem és? 


- Sou o caminho, sou a pegada, sou a caverna, sou a feiticeira da Caverna. Eu escolho quem ficará comigo! Quem irá varrer tirar as teias de aranha, limpar e polir as pedras preciosas. Ao cabo de sete anos eu realizarei o desejo do meu vassalo e o libertarei. 


- Ah é? Quer dizer que voce de sete em sete anos chama um escravo para a limpeza de sua caverna? Depois induz a o pobre escravo que está lhes realizando um desejo. Lyla não vai ficar, ela acertou a resposta e está livre para encontrar seu amor quando ele vier. 


– Voce a libertou, mas serás cativo de meus desejos! Quer queira quer não, onde quer que vá eu irei, e quando voltares do caminho, à tua espera estarei. 

Falou a voz! 

- Vá querida “Fada”! Não se detenha em uma caverna ou perderás seu amor que com certeza encontrarás a beira do lago. Assim como voce espera, o seu amor também já sabe de ti. 

Lyla abraçou aquele desconhecido que acabava naquele momento de quebrar o mito da “caverna mística”. Quantos escravos ela já não tinha feito ao longo dos séculos? E agradecida, saiu em busca do amor que a encontraria com ou sem a “caverna mística” e a faria feliz para o resto da sua vida. 

Quando a “Fada” acabou de sair a “caverna mística” escureceu... Onde estava toda aquela luminosidade? O lago tranquilo parecia ter se transformado em um rio de águas rápidas. O som da correnteza enchia o ar a sua volta... Magno não desanimou , tentou encontrar a saída pisando sobre pedras, chegou até a água e começou a subir o rio aos pulos, escorregando e saltando de uma base para outra, até que encontrou uma plataforma maior de pedra lisa, cercada por uma piscina d’água que pareciam profundas e escuras. Uma névoa fina como chuva salpicou o rosto do Cigano e o barulho da correnteza ficou mais alto. Seguindo pelas pedras em torno da piscina, depois de uma curva ele se encontrou diante de um desfiladeiro com água passando por suas fendas e laterais... 
 Uma grande cachoeira despencava do alto do desfiladeiro despejando milhões de toneladas de águas infinitas em um poço sem fundo.  
Magno amava o som de cachoeira, mas aqueles sons pareciam deixa-lo em desespero. O Cigano fechou os olhos e deixou os salpicos cair em seu rosto enquanto ouvia o barulho ensurdecedor o dominarem.  Com a mente em desalinho e se sentindo perdido ele lembrou-se de quando tinha uns seis anos de idade, e morava em outro acampamento próximo a uma grande floresta fechada e proibida para as crianças. 
Lembrou-se de certa vez, quando saiu em frente da tenda de sua família que era a maior delas e mais perto da entrada do "horto florestal" de uma área protegida de mata nativa próxima ao centro urbano e ficou olhando o vazio a sua frente (o lugar não tinha fios, outras casas, etc)


O vazio era entre a planície, e à frente dele e o céu. Mesmo ainda menino ele sentiu  por um instante, algo como se o tempo, fosse um vórtex. Como se uma brecha de espaço tempo tivesse aberto ali diante dele a olhar. Lógico que naquele tempo ele não sabia sobre os portais e nem pensou sobre isso. Apenas olhava para aquele borrão no espaço. Ele estava sozinho e não tinha como falar ou com quem falar sobre o que viu. Lembrou-se de que anos depois teve mesma impressão quando sonhou ter atravessado os mundos e estava em um outro lugar. O Cigano nunca esqueceu isso, mas também, nunca pensava que um dia estaria nessa situação após atravessar um "vórtex temporal".  

  Magno sentiu vontade de ser tragado por aquelas águas, queria ser levado por elas e ser lavado até ficar completamente limpo das ramificações que as “runas” fizeram em seu corpo. Os ciganos chamavam isso de “ser absolvido” Mas absolvido de que? Seria da culpa que ele sentia por causa da sua mãe? Ele se sentia culpado por não estar com ela na hora da angustiosa morte. 
 Por não estar lá para ajeitar os travesseiros dela, segurar sua mão, para por uma compressa fria em sua testa, ou arrumar os lençóis... Magno segurou a cabeça entre as mãos e repetia sem parar: 

- Eu não estava lá! Eu não estava lá! Eu estava tentando ser um homem forte. enquanto ela morria eu queria salvar meu pai. Eu não estava lá... 

A água despencava em sua volta e ele pensava em como poderia ser absolvido por estar ausente? 
 Foi quando o Cigano viu sobre a queda uma cor... Como se tivesse visto o lampejo com o canto dos olhos... O estômago dele doeu e ele ficou tonto quando a cor se materializou ficando suspensa sobre a queda d’água por breve momento, depois desapareceu. Magno ficou esperando vê-la novamente, mas não aconteceu. Ele voltou a caminhar, precisava sair daquelas quedas que pareciam que queriam enlouquece-lo. O caminho era escorregadio... Até... As pedras que ele pisava acabaram... 
O Cigano não via um apoio se quer para um próximo passo. Como ele iria continuar se não enxergava nada, não via o caminho a sua frente. Magno lembrou das palavras de Elessar:

 " o espirito de Emka o estará guiando"!

Então, ele colocou o pé onde ele imaginou que Emka teria colocado o dela... Respirou fundo e saltou alcançando uma base sólida... A água ainda despencava a volta dele enchendo seus ouvidos e ecoando pela caverna sem fim que ele estava. 

- Emka! Pode me ouvir?

O Cigano chamou, mas ele mal ouvia sua própria voz... Continuou seguindo em frente e pensando:

- Onde eu estou? Que lugar é esse?

- Onde está voce Emka? Não era para me guiar? EMKA ONDE ESTÁ VOCE? 

Magno gritou, mas a elfinha não respondia para lhe dar alento. Ele  ouviu apenas o eco da sua própria voz, o que deu a ele a certeza de que, aquele espaço era maior do que ele imaginava. E Tão escuro! O que fez ele ter outro flash das suas lembranças... Lembrou-se de quando ele estava com nove anos de idade e seu pai precisou viajar e o trancou dentro da tenda em uma noite escura. O querosene dos lampiões acabaram e Magno ficou sozinho no escuro (isso deixou um pouco de trauma nele, quando a luz se apaga de repente...) E estava totalmente escuro... Ele pensou com toda sua força: 

- Last! Me dê um pouco da sua visão, por favor! Eu não posso usar a metamorfose, mas posso tentar enxergar no escuro.

Nada aconteceu, quando o Cigano estava desistindo de tentar, olhou para esquerda, depois para direita e pôde enxergar, que havia um salão após o local em que ele estava, ele fechou os olhos depois os abriu tentando ver melhor o ambiente, e viu as mesmas paredes de pedra de quando ele entrou, só que estavam numa caverna escura e não na caverna com brilho excepcional de quando entrou. 
Magno caminhou com cuidado até a passagem para o outro salão, deslizou a mão pelas pedras arredondadas da caverna, parecia tão familiar... Talvez ele estivesse sentindo pela cabeça da Emka. Ele não podia estar lembrando-se de algo que não conhecia... Como muitos nichos, tuneis e recantos intrincados e interessantes. 

   Aquele era um lugar onde alguém poderia se perder por anos. 
O segundo salão levava a outro e outro... Magno chamou a elfinha novamente a voz dele soava crua... No próximo salão ele percebeu alguém caído no chão imóvel... A pessoa estava vestindo um casaco marrom com gola de guaxinim... Era o casaco preferido do pai dele. Magno o chamou, mas ele não se moveu. Então, ele abaixou para tocá-lo, com muito receio que estivesse morto... Entretanto, antes de tocá-lo, o Cigano percebeu que havia algo errado; o casaco do seu pai estava somente em cima de alguém... Magno levantou a manga do casaco, dessa vez torcendo com todas as forças para não ser o seu pai. O casaco estava preso em alguma coisa e Magno puxou... 

O Cigano saltou para trás com os olhos arregalados como se tivesse visto algum fantasma... 
Com o susto e o salto, ele bateu com a cabeça no teto baixo. O coração disparou a cabeça doeu.... 
Mas não era um fantasma era um esqueleto!
 Magno perdeu a visão de vampiro e ficou na completa escuridão, passou a mão na parte de trás da cabeça onde doía e sentiu algo gosmento e denso... Sangue... Nesse momento ele ouviu uma respiração no salão baixo da caverna... Uma respiração forte e descompassada que não era a sua... Magno tateou no escuro de um lado e de outro para se situar e forçou novamente a visão do vampiro estava fraca, mas forte o bastante para enxergar onde estava.
 E lá estava Dedylson! 
Ele estava sentado num canto todo encolhido abraçando aos joelhos e chorando...
 Magno se encaminhou para ele , mas antes de chegar caiu com fraqueza pela perda de sangue... 

 Boa noite queridos ouvintes!  Estejam todos em minhas orações. Shubb Raatri


- Ruby Chubb





(Texto cinza: Te a autoria de Magno Matias - Foto do perfil +Magno, o Ruivis)

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