O Rapto



Muitas vezes, quando a dor nos corrói no silêncio, podemos ouvir o coração com um incessante “Tum Tum” insuportável. Você não quer mais lutar porque, o mundo é inalcançável e quando a esperança parece não mais bastar, você sente vontade de desafiar a morte... Daí tem a sua dignidade, a força da vida que nunca te pergunta se você deseja a eternidade. Mesmo quando os que te ofendem são os que vedam a sua vida após a morte. O medo da... Morte que quando chegar você reconhecerá nela a força da vida. A vida que te levará consigo. Não te deixará ir embora... Não te deixará ir embora...

Capitulo 13
***

Magno deixou Spencer na casa dela, levou bronca daquela mãe que não desculpa nada como se ela fosse a única pessoa totalmente certa. Spencer se despediu com um abraço apertado, ela gosta muito do Cigano e ele igualmente. Quando voltou para o acampamento era bem tarde e Magno achou melhor não guiar durante a noite, ele estava bem sonolento, alugou um quarto em um hotel ao lado do Posto de conveniência. O aposento era aconchegante, bem limpinho e tinha um aroma de rosas. O Cigano despiu-se e se jogou na cama, estava pensativo desde a noite anterior pelo motivo de que o seu Mestre não compareceu a festa, ele não é de perder uma fogueira gigantesca como aquela. 

 O bendito sono o fez não querer guiar a noite, o mesmo sono que fez o grande favor de desaparecer... Magno aproveitou para esvaziar a mente e relaxar a tensão com os olhos fixos no teto. Mas seus traumas não permitiam que ele descansasse completamente. Por mais que Magno tentasse não conseguia pensar em nada que pudesse chegar a um contento sobre Last ter perdido a festa. E não teve tempo de investigar, ele tinha compromisso com a Spencer. Quando finalmente, depois de três horas tentando adormecer ele conseguiu pegar no sono, foi despertado de sobressalto com o telefone. 

Magno assustou-se, pulou da cama acendeu a luz e foi até as roupas que estava sobre uma cadeira para atender ao telefone. O Cigano ficou lívido... Andava de um lado para o outro com a mão na cabeça enquanto ouvia a voz do outro lado do fio... Sem perceber que estava deixando a vizinha em frente toda excitada, enquanto observava o Cigano andar nu pelo aposento.

 Magno desligou o telefone colocou sobre a mesinha da cabeceira, foi até o frigobar e, pegou uma garrafa d’água, voltou tomando a água no gargalo, com os pés descalços... Era visível sua agonia. 

 O Cigano andava de um lado para o outro tentando por seus pensamentos em ordem alongou o pescoço, os ombros enquanto bebia sua água devagar... À seguir vestiu suas roupas apressadamente, deslizou seu jeans por suas pernas dando um show para a vizinha que não perdia nada, ainda mais porque o Cigano não usava roupas de baixo e o jeans deslizou sensual por seu sexo. Ele desceu rapidamente até a portaria, pagou a diária e foi até a garagem pegar a caminhonete, olhou no porta luvas... Sua arma estava lá, ele abriu a cartucheira revisou as balas, fechou e colocou novamente no porta luvas. Ligou o carro e saiu cantando pneus e foi para o aeroporto. Levou uma hora e meia em uma viagem de três horas. 

Chegando ao aeroporto foi direto a sala da polícia federal e encontrou Juan sentando na sala de espera com a cabeça entre as mãos, Magno colocou a mão no ombro dele,  Juan saltou com o susto e em seguida abraçou Magno quase em prantos dizendo:

- Eu era um pai relapso e nada disso acontecia, minha filhinha vivia presa no acampamento agora que ela é livre tudo acontece. Quero minha filhinha! Não vou viajar enquanto não a tiver de volta comigo.

- Acalme-se Senhor e me explica com detalhes agora.

- Tá bom! Desculpa meu descontrole! Estávamos no guichê de embarque quando avisaram que nosso voo iria atrasar por motivos de de falta de aeronave, não tinham aeronaves de reserva. Fomos até a administração reclamar que não queríamos a remarcação das passagens, porque, tínhamos dia e hora para chegar ao local de destino. Os administradores se apressaram em nos deslocar para outra empresa, mas teríamos que passar novamente na alfandega. Enquanto eu acompanhei os administradores Mah foi até a alfandega para aviar a saída e não termos mais demoras. Quando terminamos as burocracias e eu fui até o guichê de embarque onde marcamos de nos encontrar,  Mah não estava lá... Pensei que ela pudesse ter ido ao toalete, mas passaram meia hora e ela não apareceu ao portão de embarque... Eu estava lá esperando com as bagagens de mão e minha filha não apareceu. Pedi que a chamassem por meio da assessoria de comunicação: anunciaram o nome dela por meia hora de cinco em cinco minutos e ela não apareceu. Os federais me disseram que só daria como sequestro em caso do desaparecimento perpetuar por 48 horas. Eu estou desesperado por isso te chamei. Chegamos no aeroporto as nove da manhã, porque, nosso voo seria as 10:14 e até agora não encontrei minha filha. Já faz doze horas Magno. Não posso esperar quarenta e oito horas com tranquilidade como querem.

- Já contactaram os hospitais?

- Sim! Os federais e a administração fizeram isso. Eu não arredei o pé daqui. Se ela aparecer e não me encontrar?

- Acalme-se! Vamos por partes! Mah não se encontra em lugar algum e não é por sua livre e espontânea vontade, ela não faria isso com o Senhor. Se Mah foi sequestrada temos que esperar o contato do sequestrador. Não atenda a nenhum telefonema conhecido. Deixe a linha livre caso eles liguem. Se a empresa afirmou que fez o que estava dentro das possibilidades. Temos que fazer a nossa parte. Mesmo sem o auxílio dos federais. Vá para um hotel, o sequestrador não vai querer fazer contato com o Senhor no aeroporto com os federais por perto.

- Voce está certo.

Magno levou Juan para um hotel próximo os Federais exigiram o endereço para manter contato. O Cigano deixou Juan e saiu, precisava arejar a mente. Porque havia acontecido aquilo com a ciganinha logo quando ela estava tão feliz? Ele mantinha contato constante com Juan e ninguém havia ligado falando sobre Mah. Magno precisava afastar essa limitação que não o deixava descobrir sequer uma pista do que poderia ter ocorrido com ela. Enquanto ele andava pela praça perto do Hotel onde Juan estava hospedado ia repassando tudo que Juan lhe contou para ter como pensar em algo concreto. 

  Voltou ao aeroporto em surdina para não captarem seus movimentos investigativos sobre o assunto e começou a buscar pistas escondido dos policiais. Começou a investigar tudo sobre um rapaz que suspeitamente estava colado em Juan com seu celular na mão o tempo todo. Magno e Juan andaram por vários locais no grande salão do aeroporto e o Cigano reparou que esse rapaz não descolava deles sempre disfarçando que tirava fotos de tudo. Ele poderia estar enganado, mas não descartava essa possibilidade, Magno estava na cidade, mas seus instintos felinos continuavam com ele. 

Aquele rapaz era muito suspeito para Magno, ele não tinha paradeiro, não sentou nem por um instante, poderia ser apenas uma pessoa com problemas mentais, mas a mente investigativa do Cigano ficou em alerta. O Rapaz chamava-se Tomaz Rigolleto e morava a dois quarteirões do aeroporto: lhes disse uma balconista do box dos cigarros aonde  Magno discretamente perguntou dando as características do rapaz.

 Magno vestiu-se como um Punk para não ser reconhecido e ficou na praça esperando que ele aparecesse por ali, pelo que a moça disse ele morava bem próximo a pracinha que fica a uns dois quarteirões do aeroporto. Era um cara fechado e sem amigos. Uns vinte minutos depois Magno o viu sair do portão de um muro alto olhando para os lados, seguiu-o até  a padaria onde o rapaz comprou pães leite e ricota, brincou com os funcionários e voltou para casa, olhou novamente para os lados certificando-se de alguma coisa e entrou rápido.

Tomaz morava em uma Vila com varias casas, uma de frente para outra, típicas das pequenas vilas, que sobrevivem as especulações imobiliárias. (dado que ficava a dois quarteirões do aeroporto).
O vizinhos dele eram na maioria de mulheres e homossexuais. Magno com muita sutileza interrogou aos vizinhos que lhes disseram que: o rapaz era moto-boy de uma empresa de empreendimentos motrizes, que morava sozinho e quase nunca ouvia músicas, quando fazia colocava o som no ultimo volume. O que eles notavam era o barulho incessante da TV. Mas era um rapaz calmo e quieto. Normal para um rapaz de seus vinte e cinco anos.

 Quando Magno ia se despedindo para sair da vila um morador o chamou e disse que achava muito estranho que o rapaz em questão tivesse uma namorada que ele só via entrar e nunca sair. Magno perguntou: 

- Como assim? O vizinho explicou:

- Tem certos dias que ele chega em casa liga a TV e fica aumentando e diminuindo o som. Eu percebo isso porque sou paraplégico e nunca saio a noite e para me distrair fico especulando por aqui. Pois bem, Depois desse "aumenta e abaixa", ele sai e muito mais tarde volta com uma moça que eu nunca vejo sair. Isso me deixa encucado. Eu não prego o olho justamente para vê-la sair e nada! Pela manhã ele sai sozinho para o trabalho. Todo mundo acha normal e diz que ela sai quando eu cochilo, mas tenha certeza de que eu não cochilo meu rapaz.

Magno agradeceu e saiu. Durante toda aquela noite não tiveram nenhuma notícia, Juan estava desesperado, mas para os Federais tinha se passado apenas 24 h e não era tido como sequestro ou rapto. Magno tomou um copo de leite e saiu novamente para ver se encontrava algum indício do sumiço de Mah, Falou com seu pai que foi ao acampamento dela com a desculpa de que procurava por Ramon e assim como quem não quer nada, investigou sobre Mah. Os ciganos diziam que ela estava com certeza chegando ou já havia chegado a Nova Délhi e logo daria notícias. Com isso ele percebeu que ninguém sabia da moça e retornou para Magno sem fazer alarde.

Eram duas horas da tarde e nada acontecia de concreto. Magno resolveu ir a casa do Tomaz aquela hora não tinha quase ninguém na vila, de certo estavam no trabalho. O Cigano  levou um objeto longo, fino e pequeno o suficiente para caber no buraco, e rígido o suficiente para pressionar o mecanismo de tranca. Ele usou esse objeto para abrir a fechadura, inseriu o objeto dentro do buraco até sentir resistência e empurrou, com a outra mão girou a maçaneta até sentir a resistência se mover  e pressionou. Segundos depois ele escutou um clique, o que quis dizer que a porta destrancou.

Furtivamente o Cigano entrou e foi para a primeira sala que avistou, a sala possuía uma grande estante de livros. O Cigano parou ao lado da estante e ficou a pensar sobre os indícios que encontrou. Mesmo absorto em seus pensamentos foi sobressaltado com o som vindo de dentro da casa que esta estava vazia, e seu dono estava no trabalho pelo que ele sabia... Magno ficou detrás da porta e esperou. Assim que um homem pôs o primeiro pé dentro da casa, ele agiu como se soubesse que algo estava errado. Rapidamente revistou os cômodos, quando foi para junto da estante se deparou com uma figura desconhecida que tentou segurá-lo, Mas o homem deu um salto mortal para trás se afastando do Cigano, o homem estava trajando uma calça de boca extremamente folgada e  uma camisa também de mangas largas, como as roupas dos capoeiras. Imediatamente saltou até a parede, pegou uma espada, e perguntou:

– O que voce faz aqui?

Visivelmente surpreso o Cigano mal teve tempo de responder ou mesmo reagir, porque com a típica velocidade dos lutadores o homem golpeou Magno jogando-o para o meio do cômodo, saltando em direção a ele logo em seguida, (foi até difícil definir o golpe que homem aplicou no Cigano. Foi tão difícil definir, que até o homem parecia um pouco confuso no momento do ataque).

Isso bastou para o Cigano! Prontamente Magno rolou para fora do alcance dele assim que viu qual seria a investida de seu oponente, em seguida o Cigano se levantou dum salto e muito rápido estudou seu adversário, porque, o homem estava armado. Aproveitando-se dessa desvantagem do Cigano o homem deu bobeira e demoradamente começou a desembainhar a espada... Só que ele não sabia que Magno era muito mais veloz do que ele imaginava e com um chute potente, com a perna reta e firme o Cigano impediu-o de desferir o golpe, atingindo a mão que segurava a arma.

Perplexo com a rapidez e a força do Cigano o homem não conseguiu se esquivar do chute que ele desferiu, Em seguida Magno usou o próprio braço atingido do homem como apoio, tomando impulso com a mesma que usou para golpeá-lo, com esse impulso ele girou a outra perna montando nos ombros do homem e trançou as pernas no pescoço dele, depois  girou o tronco, caindo com as duas palmas no chão e trazendo o homem com todo seu peso.

O homem ainda preso pelo pescoço, jogou as pernas pegando forte o Cigano pela cintura numa “tesoura estranguladora”. Mas sabendo que o homem estava com pouca força devido o golpe no pescoço e o enforcamento com as pernas, Magno aproveitou e girou, sentando nas costas do homem, segurou no pescoço dele com o antebraço apertando e asfixiando e disse a ele.

= Se acalma Tomaz só quero te fazer umas perguntas!

O home balançou a cabeça afirmativamente e Magno afrouxou, ele conseguiu dizer esganiçado ainda pelo enforcamento;

- Eu não sou o Tomaz! Sou o Detetive Rubens Paiva da segunda FPS de Belorian.

Magno o soltou cauteloso. Os dois homens se levantaram do chão mirando-se nos olhos como animais prontos para briga. Rubens interrogou firme com autoridade;

- Me diga logo o que voce quer na casa do Tomaz!

Magno respondeu firme com uma pergunta:

- O que voce está fazendo na casa dele com esses trajes se é um policial.

- Estava vindo da academia e resolvi aproveitar para investigar  esse cara! Como é minha folga não me impediriam na Delegacia. Não consigo por na cabeça que ele é inocente dos crimes.

- Que crimes? Valha-me Santa Kali.

- Crimes de um serial Killer e voce o que fazia?

Magno contou a ele porque  desconfiou do rapaz e o que tinha em mente quando entrou na casa.
Com a autoridade que possuía Rubens foi até a delegacia pegou vários arquivos que mostrava o que ele já havia investigado. Havia uma pasta arquivada: nela um vizinho desconfiado de Tomaz ao associar os estranhos hábitos dele com um possível assassino de mulheres que desapareciam na noite nos arredores do aeroporto de Belorian. Justamente por que Tomaz saia de madrugada e voltava com uma menina no carro. E foi justamente quando aconteceram os assassinatos. Primeiro desapareciam apenas prostitutas, depois passou a desaparecer as moças de família.

Esse vizinho era o Sr Carlitos um fotografo amador aposentado e paraplégico que comprou uma câmera especial e monitorava os hábitos noturnos do Tomaz desde que ocorreu o primeiro assassinato misterioso na região. Houve investigação, mas os policiais e investigadores não encontraram nada! Só restou a eles arquivar o caso. Depois de ler esse arquivo os dois ficaram mais certos de que Tomaz poderia sim ter raptado Mah.

Para não serem sujeitos a responder pela violação de domicilio sem a devida e legal permissão constitucional. Rubens buscou o respaldo da Lei com um mandado de busca e apreensão domiciliar. Esse mandato poderia legitimar a autuação policial e possibilitaria o controle externo da atividade deles... Com tudo dentro da Lei Rubens com o seu contingente invadiu a casa de Tomaz e não encontrou qualquer vestígio ou evidência de crime, na casa não havia nenhuma mulher viva ou morta, somente uma coleção de bonecas infláveis. Enormes. Não eram bonecas infláveis comuns. Aquela de boca aberta e olhos arregalados. Eram bonecas infláveis que se assemelhavam em tom e grau muito fiel ao corpo feminino, idênticas a mulheres de verdade, e com cabelos reais.

Tomaz falou para os detetives de polícia que ele era tímido, não tinha uma namorada e se sentia muito sozinho, por isso ele confeccionava aquelas bonecas infláveis com os restos de materiais de origem natural e sintética, obtido a partir dos derivados de fontes renováveis como a cana-de-açúcar e o milho. Polímeros capazes de serem moldados usando calor e que sobravam da empresa em que ele trabalhava, após confeccioná-las em um galpão que ele havia alugado para guardar os materiais ele as levava no carro durante a noite ainda vazias e voltava com elas infladas. Assim os vizinhos pensariam que ele tinha várias namoradas. Os polícias se entreolharam com vontade de rir. Eles acharam isso muito hilário e Tomaz que para eles era suspeito de assassinato, ganhou a fama de pessoa depressiva.
O Galpão foi investigado e realmente foi encontrado os polímeros e toda aparelhagem usada para confecção das bonecas.

Os policiais pediram desculpas e foram embora rindo da sandice do Cigano.

Novamente o caso foi arquivado.
E Mah? O que havia acontecido com a ciganinha?
Estava caminhando para 36 horas do desaparecimento e nada aconteceu.
Nenhum sequestrador ligou para Juan que estava a beira de um colapso nervoso.
E Magno que foi chamado para ajudar viu sua esperança cair por terra...
Será que ele se enganaria assim?
Magno que tem a mente povoada por seres sobrenaturais se enganaria tanto?
Como um rapaz que ganha não mais que dois salários poderia comprar tantos cabelos naturais para colocar nas bonecas que ele mesmo confeccionava? 

Bem isso voces saberão outro dia queridos ouvintes. Agora preciso ajudar alguns amigos com minha magica élfica Shubb Raatri


Ruby Chubb

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